Trump x Harvard: entenda o que quer o presidente dos EUA e como a universidade tem desafiado o governo

  • 15/04/2025
(Foto: Reprodução)
Governo dos EUA tem pressionado universidades a se alinharem com a agenda política de Trump. Harvard se recusou a adotar exigências do presidente. Harvard se nega a cumprir exigências de Trump, e mais de US$ 2 bi em recursos congelados De um lado, Harvard: a universidade mais antiga e rica dos Estados Unidos, com uma marca tão poderosa que seu nome virou sinônimo de prestígio. Do outro, o governo de Donald Trump: determinado a ir mais longe do que qualquer outro em uma tentativa de remodelar o ensino superior no país. ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp Ambos os lados estão firmes em uma disputa que pode testar os limites do poder do governo e a autonomia que transformou as universidades americanas em polos de atração para acadêmicos de todo o mundo. Na segunda-feira (14), Harvard se tornou a primeira universidade a desafiar abertamente o governo Trump, que exige mudanças amplas para limitar o ativismo na instituição. A universidade considera as exigências como uma ameaça não apenas à própria instituição, mas à independência que a Suprema Corte há décadas garante às universidades dos EUA. “A universidade não abrirá mão de sua independência nem de seus direitos constitucionais”, escreveram os advogados da instituição em carta ao governo. “Nem Harvard, nem qualquer outra universidade privada pode permitir ser assumida pelo governo federal.” O governo afirmou que está congelando cerca de US$ 2,3 bilhões (R$ 13,5 bilhões) em recursos destinados à universidade. A suspensão marca a sétima vez que a gestão Trump adota esse tipo de medida contra instituições de elite em uma tentativa de forçar o alinhamento com a agenda política do governo. Nesta reportagem você vai ver: O poder de Harvard As ameaças de Trump Os argumentos do governo Os argumentos de Harvard Harvard tem saída? 1. O poder de Harvard A sede de Harvard em Cambridge, Massachussets REUTERS/Brian Snyder Nenhuma universidade está mais preparada para resistir do que Harvard, que possui o maior fundo patrimonial do país: US$ 53 bilhões (R$ 312 bilhões). Ainda assim, como outras grandes instituições, Harvard depende do financiamento federal para manter suas pesquisas científicas e médicas. Não está claro por quanto tempo a universidade conseguiria operar sem esses recursos. A recusa de Harvard já começa a inspirar outras instituições. Após inicialmente aceitar parte das exigências do governo, a reitora interina da Universidade Columbia adotou um tom mais firme na segunda-feira. Em comunicado interno, a presidente de Columbia, Claire Shipman, afirmou que algumas das demandas “não são passíveis de negociação”. Ela disse ter lido com “grande interesse” a recusa de Harvard. Columbia era vista como uma das universidades com maior potencial para contestar as ordens do governo, mas sofreu críticas de professores e grupos em defesa da liberdade de expressão ao concordar com concessões. “Harvard é uma instituição especialmente poderosa. Sua decisão tem potencial para mobilizar outras universidades em uma resposta coletiva”, disse David Pozen, professor de direito em Columbia. Ele argumenta que as exigências do governo são ilegais. Voltar ao início. 2. As ameaças de Trump Trump fala durante encontro com Bukele na Casa Branca Reuters/Kevin Lamarque Na terça-feira (15), Trump ameaçou intensificar o embate. Nas redes sociais, sugeriu que Harvard pode perder seu status de isenção fiscal “se continuar promovendo ideologias políticas e apoiando ‘doenças’ inspiradas ou apoiadas por terroristas”. A crise levanta dúvidas sobre até onde o governo está disposto a ir. Independentemente do desfecho, uma batalha judicial é considerada certa. Um grupo de professores já entrou na Justiça contra as exigências, e é esperado que Harvard também mova sua própria ação. Na carta de recusa, a universidade afirma que as ordens violam seus direitos garantidos pela Primeira Emenda e outras leis de direitos civis. Para o governo Trump, Harvard representa o primeiro grande obstáculo na tentativa de impor mudanças em instituições que, segundo republicanos, se tornaram centros de liberalismo e antissemitismo. O embate ameaça a tradicional relação entre o governo federal e universidades que dependem de recursos públicos para realizar descobertas científicas. Antes vistos como um benefício ao bem comum, esses fundos passaram a ser usados como forma de pressão política. “Verbas federais são um investimento, não um direito adquirido”, afirmaram autoridades em carta enviada a Harvard na semana passada. Voltar ao início. 3. Os argumentos do governo Trump congela US$ 2 bilhões para Harvard, uma das universidades mais respeitadas do mundo O governo acusa a universidade de descumprir obrigações previstas na legislação de direitos civis, que é uma condição para receber recursos públicos. Também alega que a ideologia política está sufocando a liberdade intelectual no campus. A campanha de Trump tem mirado instituições acusadas de tolerar antissemitismo em meio à onda de protestos pró-Palestina nos campi. Algumas das ordens do governo miram diretamente esse ativismo, exigindo que Harvard aplique punições mais duras a manifestantes e revise a admissão de estudantes estrangeiros considerados “hostis aos valores americanos”. Outras determinações ordenam o fim de programas de diversidade, equidade e inclusão, além da interrupção de práticas de admissão e contratação que levem em conta “raça, cor, origem nacional ou critérios equivalentes”. Paradoxalmente, muitos dos assessores da Casa Branca que hoje atacam as universidades de elite são ex-alunos dessas mesmas instituições. Trump é formado pela Universidade da Pensilvânia; o vice-presidente JD Vance, pela faculdade de Direito de Yale. Pelo menos dois secretários de gabinete — Pete Hegseth (Defesa) e Robert F. Kennedy (Saúde) — são ex-alunos de Harvard. Em um programa ao vivo, Hegseth chegou a rabiscar “devolver ao remetente” em seu diploma da universidade, como parte de sua cruzada contra o que chama de “causas esquerdistas” nos campi. Voltar ao início. 4. Os argumentos de Harvard Manifestantes protestam contra ações do governo Trump que miram a Universidade de Harvard REUTERS/Nicholas Pfosi O presidente de Harvard, Alan Garber, disse que as exigências ultrapassam os limites do poder federal. Em comunicado à comunidade acadêmica, escreveu que “nenhum governo — independentemente do partido — deve ditar o que universidades privadas podem ensinar, quem podem admitir ou contratar, e quais áreas de pesquisa devem seguir”. “Esses objetivos não serão alcançados por meio de imposições de poder, desvinculadas da lei, para controlar o ensino e a aprendizagem em Harvard e ditar como operamos”, afirmou Garber. “A tarefa de enfrentar nossas falhas, cumprir nossos compromissos e incorporar nossos valores cabe a nós, enquanto comunidade.” As medidas do governo Trump levaram um grupo de ex-alunos a escrever para os dirigentes da universidade, pedindo que “contestem legalmente e se recusem a cumprir exigências ilegais que ameaçam a liberdade acadêmica e a autonomia universitária”. Entre os que elogiaram a decisão de Harvard está o ex-presidente Barack Obama, que classificou a medida como um repúdio à “tentativa desajeitada do governo de sufocar a liberdade acadêmica”. “Tomara que outras instituições sigam o exemplo”, escreveu ele nas redes sociais. Voltar ao início. 5. Harvard tem saída? Foto geral mostra jardins de convivência no Campus da Universidade de Harvard em 27 de abril de 2022 Charles Krupa/AP O governo não divulgou quais subsídios e contratos estão sendo congelados. Caso a universidade precise operar com pouca verba federal por um período prolongado, cortes seriam inevitáveis. Apesar de improvável, a universidade poderá ter de encontrar formas alternativas para lidar com o bloqueio de recursos. Segundo documentos internos, Harvard costuma usar cerca de 5% do valor de seu fundo patrimonial em despesas operacionais anuais — o que representa cerca de um terço do orçamento. A universidade poderia aumentar esse percentual, mas instituições do tipo geralmente evitam ultrapassar o limite de 5%, a fim de proteger os rendimentos futuros. Além disso, parte significativa do fundo é vinculada a doações com destinação específica. “Todas as universidades precisam se preparar para essa situação e pensar em como sobreviver de forma mais enxuta nos próximos anos, se for necessário”, afirmou o professor David Pozen. Alguns conservadores sugeriram que, se Harvard quer independência, deveria seguir o exemplo de instituições que abrem mão de recursos públicos para se manter livres de interferência federal. O Hillsdale College, escola conservadora de Michigan, ironizou a universidade nas redes sociais. “Deixar de receber dinheiro do contribuinte deveria ser o próximo passo de Harvard”, escreveu a instituição. Já o Clube Republicano de Harvard divulgou nota pedindo que a universidade chegue a um acordo com o governo e “retome os princípios americanos que formaram os grandes homens desta nação”. Voltar ao início. VÍDEOS: mais assistidos do g1

FONTE: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2025/04/16/trump-x-harvard-entenda-o-que-quer-o-presidente-dos-eua-e-como-a-universidade-tem-desafiado-o-governo.ghtml


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