'Vou comprar umas armas', diz 'viking' da invasão ao Capitólio após receber perdão de Trump
22/01/2025
Condenado a 41 meses de prisão em novembro de 2021, Jacob Chansley cumpria sentença em liberdade desde 2023. Nas primeiras horas de governo, Trump perdoou mais de 1.500 acusados por invasão à sede do Legislativo dos EUA. Mais de 200 envolvidos na invasão do Capitólio já foram liberados de cadeias federais
Jacob Chansley, o apoiador de Donald Trump que ficou conhecido como extremista "viking" na invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021, afirmou que vai "comprar umas armas" para comemorar o perdão recebido pelo novo presidente dos EUA na segunda-feira (20).
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"Acabei de receber a notícia do meu advogado, eu fui perdoado. Obrigado, presidente Trump. Agora vou comprar algumas armas. (...) Os manifestantes de 6 de janeiro estão sendo soltos e a justiça chegou. Tudo o que foi feito às escondidas virá à tona", afirmou Chansley em publicação no X.
Como prometido e sinalizando desprezo pelo sistema Judiciário dos EUA, Trump concedeu nas primeiras horas de governo o perdão presidencial para mais de 1.500 acusados e condenados pela invasão ao Capitólio em janeiro de 2021. Essas pessoas, apoiadores do republicano, tentavam impedir a certificação da vitória de Joe Biden nas eleições de 2020. Cinco pessoas morreram no episódio.
Uma das figuras mais emblemáticas da invasão ao Capitólio por usar chapéu de viking sem camisa e com o rosto pintado com as cores da bandeira dos EUA, Chansley recebeu uma das maiores condenações entre os invasores: foi sentenciado a 41 meses de prisão federal em novembro de 2021.
Jacob Chansley, também conhecido como o "xamã" do [grupo de extrema direita] QAnon , invade o Capitólio, em Washington, D.C., em 6 de janeiro de 2021
AFP - SAUL LOEB
No entanto, Chansley foi solto da prisão em março de 2023. Ele cumpria o resto da condenação em liberdade, em um centro de reintegração social em Phoenix, no Arizona. O "viking" afirmou em uma entrevista recente que passou um total de 27 meses preso. Desses, 10 meses e duas semanas em solitária.
Centenas de presos pela invasão ao Capitólio já foram soltos até esta quarta-feira (22), e é esperado que mais sejam postos em liberdade. Até o momento, 211 pessoas foram soltas de presídios federais, segundo o Departamento Federal de Prisões dos EUA.
Entre os já libertados pelo amplo indulto de Trump estão Stewart Rhodes, ex-líder da milícia Oath Keepers, e Enrique Tarrio, ex-líder do grupo supremacista Proud Boys.
Especialistas afirmam que o perdão e a libertação dos condenados pela invasão ao Capitólio fortalecerá grupos como os Proud Boys e supremacistas brancos, que defendem abertamente a violência política.
Os perdões em massa fazem parte de uma guerra de narrativas sobre o significado da invasão, um dos episódios mais sombrios da democracia dos EUA, o que pode ter implicações para a democracia norte-americana. Na versão de Trump, que ganhou mais força com a soltura dos invasores, seus apoiadores são vítimas e estavam sendo feitos de "reféns" na prisão.
Cerca de 58% dos norte-americanos reprovaram o amplo perdão aos condenados pela invasão ao Capitólio, segundo uma pesquisa de opinião Reuters/Ipsos divulgada na terça (21).
Segundo a ordem executiva, ficam perdoados todos os investigados pela invasão ou crimes relacionados ao ataque ocorridos entre 6 e 20 de janeiro de 2021. Mais de 1.200 norte-americanos foram condenadas por crimes no período, incluindo cerca de 200 pessoas que admitiram ter agredido policiais.
O perdão de Trump foi apenas uma das várias ordens executivas que ele assinou após uma cerimônia de posse na Rotunda dos EUA, onde seus apoiadores haviam protestado quatro anos antes.
Um membro do Proud Boys disse à Reuters que os indultos ajudariam a recrutar mais membros. "Muitas pessoas se afastaram de nós depois das prisões", ele disse, falando sob condição de anonimato. "Agora, elas vão se sentir à prova de balas."